segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um cara especial – Parte 1



Tive um tio com o nome de Alfeu. Alfeu Marques Neto. Ele era casado com minha tia Ana, irmã de minha mãe e posso dizer que fatos da minha vida sempre estiveram ligados a ele.

Tio Alfeu para quem não conheceu era o exemplo do homem calmo. Raramente o vi nervoso, estressado, preocupado. Adorava fazer caminhadas e tinha o hábito de chamar a todos pelo nome completo. Nada de Nando ou de Fernando. Era sempre Fernando José. E com meus primos a mesma coisa. Nada de Marco. Era Marco Antonio. Nada de Nonô, era Luiz Gustavo. Minha prima Cristina, que era chamada por todos de IL, não tinha esta chance com ele: era Maria Cristina. João era sempre João Luiz. Lu, era sempre Luis Ernesto. Com as filhas, entao! Nada de Rosa ou Tereza. Era sempre Rosa Beatriz e Tereza Isabel. E assim ia.

Tio Alfeu era tão figura que conseguiu por anos enganar a todos na família, principalmente as filhas, ao chamar minha tia Ana, de Ana Maria. Na realidade minha tia chamava Ana, mas nunca teve Maria no nome. 

Por muitos anos acreditei que o nome dela era esse e suas filhas, minhas primas Rosa Beatriz e Tereza Isabel também. E querem saber. Acho que meus tios, irmãos da minha tia, também criam nisso.

Com ele vivi varias histórias algumas que vou relatar aqui, mas para começar não posso deixar de contar a que vivi quando tinha algo em torno de 11 ou 12 anos.

Eu tinha ido passar as férias no Rio e voltava para minha casa, em Volta Redonda, com ele, minha avó Marocas, minhas duas primas e minha tia. Ou seja, três adultos e três pré-adolescentes em fusquinha ano 64 (parecido com o da foto acima), se não há engano. Uma lata de sardinha, para dizer a verdade.

Antes de prosseguir e bom ressaltar que andar com tio Alfeu de carro era exercício de paciência. Podíamos dizer que ele estava mais para Rubens Barrichello do que para Airton Senna. Não tinha pressa e ainda por cima tinha minha tia como "co-piloto" que vivia gritando: “Alfeu, olha o carro! Olha o carro, Alfeu”. Era assim a viagem toda. O que poderia parecer ser chato era ótimo.

Mas, voltando ao que falava acima, vínhamos para Volta Redonda, quando logo depois de passarmos a Serra das Araras, próximo onde hoje está o restaurante Dominante, meu tio avista uma senhora com cerca de quatro filhos, malas e outras coisas mais.

Sem pensar e, para surpresa nossa, pára o carro e da janela chama a mulher.

A pobre coitada toda feliz da vida por ter, achava ela, conseguido carona, pega as malas, os filhos, despede-se dos parentes e corre em direção ao carro.

Quando chega perto da porta do meu tio, este, na maior calma, busca no guarda-volume umas balas e na maior simplicidade e sem nenhuma sacanagem, abre a janela e fala:

- Toma dona. Uma bala para senhora e mais algumas para os seus filhos.

Dito isso, deu adeus para a mulher e “arrancou” com o carro.

No carro depois do susto, risadas geral e uma bronca imensa da minha tia. Mas, fazer o quê.

A mulher deve estar lá até hoje xingando meu tio.

Este era o meu tio Alfeu...

Um comentário:

roseana disse...

Hahahaaa...muito bom!!
Ele era exatamente assim!!!
Só hj fiquei sabendo q a tia Ana não chamava Ana Maria !!! hahahaaaaa